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Confira os relatos da 191ª Festa do Divino Espírito Santo de Piracicaba/SP

  • educomememoria
  • 17 de nov. de 2017
  • 6 min de leitura

Foto: Bruno Fernandes

“O Divino está presente em nossa vida a todo o momento e em todas as circunstâncias”, diz a técnica de enfermagem Patrícia Macedo


Por Lucielly Lazari e Ricardo Miranda



Há quanto tempo você participa da Festa do Divino?


Tenho 38 anos e faz 31 anos que eu participo. Eu praticamente cresci aqui. Dos 15 aos 20 anos eu fazia a parte que hoje é de responsabilidade da Roberta Lessa, de reger o pessoal e trabalhar com a coreografia na Congada.


Até o ano passado meu pai tocava, mas ele faleceu e meu filho tocava junto. E minha filha Maria Eduarda, de 5 anos, quis dançar e resolvi trazê-la. Traga também o pessoal e ajudo com o material.


Nesses 31 anos que você participa, tem alguma história marcante?


O Divino sempre ajudou em tudo, na saúde, na parte financeira. Meu esposo estava desempregado e nós viemos na festa e depois de um tempo ele arrumou emprego. A saúde dos meus filhos também. Coisas que você acha que jamais conseguiria, faça a devoção junto ao Divino que você consegue, ele está presente em nossa vida a todo o momento e em todas as circunstâncias.



“A Festa do Divino é uma das mais antigas do município e existe desde o tempo da povoação”, explica a folclorista Roberta Lessa


Foto: Ricardo Miranda


Por Lucielly Lazari e Ricardo Miranda



Há quanto tempo você está na Congada do Divino?


Eu coordeno a Congada do Divino, como Irmandade do Divino, da qual faço parte e sou voluntária e ajudo no que posso. A Congada é da Irmandade. Nós temos festeiros, o pessoal que promove pousos. E com essa Irmandade nós temos conexão com todo o ciclo do Divino da Região do Médio Tietê.


A Congada tem três coordenações: a coordenação geral, que é minha função, a coordenação musical, que é feita pelo Dinarte, que é violeiro, que é de responsabilidade do Pavinatto, que toca caixa.


Estou na Congada desde 1999, 2000. Eu entrei na coordenação, “entraram comigo” na coordenação em 2007.



Antes disso você já participava?


Eu dançava, pagando promessa ao Divino Espírito Santo.



Como você define o seu trabalho?


Pra mim não é um trabalho e sim um ato devocional. Tudo voltado à tradição não é trabalho, ela tem um sentido de ancestralidade, de conhecimento que passa de pai para filho, essa coisa que é bonita e que vai gerando a tradicionalidade.


A minha função na Congada, também, é “capitã do apito”. O Dinarte é “capitão da viola”. Nós temos os “capitães da bandeira”, que é um casal. Nós temos o rei e a rainha da Congada. Cada pessoa tem uma função. Quem dança é “dançante”, quem toca é “tocador”, quem canta é “cantante”.


Sempre entra gente, sempre sai gente. Esse movimento se refere à tradição, que é como água do rio. Você não consegue segurá-la na mão, porque ela passa entre os dedos. É isso que é bonito na tradição.



O que mais marcou você ao longo desses anos? Tem algum festeiro que se destaca?


Tem festeiros que sãos “os festeiros”. São aqueles casais que levam aquele real sentido de carregar a bandeira durante o ano todo nas casas levando o ato devocional ao Divino. Existe esse perfil de festeiro que a maioria que assume essa responsabilidade tem.


Vou salientar um: Luiz Sartori. Houve um tempo em que o bispo proibiu a Festa do Divino, na década de 1970. “Seo” Luiz, que foi festeiro em 70 e 71. Ele “peitou” a proibição e fez a festa. Não tinha sede de irmandade, tinha só uma capelinha pequena, porque ele era do tempo de ir aos sítios levando a bandeira.



Teve essa proibição?


Sim, teve. Em todo sistema tem questão de poderes. Mas eu vou frisar o poder maior, que é o poder sagrado, que vai permeando o ser humano, que pode ter o credo que tiver, mas cada um tem o seu momento sagrado. É aquilo e quando toca, acabou! É ato de fé, profissão de fé...é muito bonito! Até mesmo o ateu tem fé, na “não-fé”, que é uma fé.



Qual a importância da Festa do Divino ter sido registrada pelo Codepac como Patrimônio Cultural Imaterial de Piracicaba?


A Festa do Divino é uma das mais antigas e oficializadas do município. Ela existe desde o tempo da povoação, não como festa, mas como devoção, em que se traz a bandeira e a imagem junto com os primeiros povoadores da cidade. (Piracicaba foi fundada como uma povoação. Depois se tornou vila, antes de ser considerada cidade).


A época colonialista traz uma cultura cristã, católica. A Congada misturou tudo isso. Porque tem África junto, tem Portugal, tem o pessoal Ibérico. O “ser alado” (Divino), está inserido em inúmeros credos em todo o mundo e em todos os contextos.



Confira no site www.educomememoria.wix.com/inicio uma reportagem sobre o período em que a Festa do Divino em Piracicaba foi proibida pela Igreja Católica.



“Quem pede com fé não deixa de receber a graça”, afirma a monitora de alunos Sueli Carnio


Por Lucielly Lazari e Ricardo Miranda



Há quanto tempo você participa da Festa do Divino? Qual a importância do evento para você?


Participo da festa há 17 anos e enquanto eu tiver força nas pernas e saúde eu vou continuar. A gente recebe muitas graças do Divino, ele é muito poderoso. A gente agradece jogando algumas rosas no rio, que é na Derrubada dos Barcos. Todo ano eu levo o barco até o rio. Quem pede com fé não deixa de receber a graça.



Evento, que acontece desde 1826 é Patrimônio Cultural Imaterial de Piracicaba

Por Ricardo Miranda

Foto: Ricardo Miranda

Organizada pela irmandade do Divino Espírito Santo com o apoio da Prefeitura e realizada às margens do Rio de Piracicaba, a Festa do Divino aconteceu, em 2017, entre os dias 2 e 9 de julho, contendo diversas comidas típicas, missas e também a dança da congada (Congada do Divino), uma das tradições da festa.



Maria Rosa Zilio Casarin, responsável pela gerência da cozinha da Festa, nos concedeu uma rápida entrevista sobre sua relação com o Divino e sobre como ela se envolveu com a celebração:


Como surgiu sua devoção para com o Divino?


Essa devoção veio do meu pai e depois, quando casei, vim morar perto de uma amiga, que participava aqui da Festa. Ela fazia parte da Irmandade e foi aí que me convidou para ajudá-la a enfeitar os andores. Minha filha, aos seis anos, quis se vestir de marinheiro na festa e aí resolvi me juntar à Irmandade desde aquele tempo, há 36 anos.


E na cozinha, como a senhora começou?


Comecei ajudando na barraca das Lembranças e lá fiquei por um bom tempo, até que fui convidada a comandar a cozinha, porque a antiga cozinheira, a Dona Nerina, havia morrido.


O famoso cuscuz que a senhora faz é uma receita bem antiga, né?


É antiga sim, mas não sei ao certo se é uma receita é do Seu Orlando junto à sua equipe, o que eu acredito que seja o caso


O que mudou das festas antigas para as festas atuais do Divino?


Para começar, nós cozinhávamos no quintal da Dona Nerina e, com o tempo, foi comprado aqui [o barracão] e assim foi aumentando e aumentando até que hoje é essa coisa imensa que vemos hoje. ”

OPINIÃO


Depois de ir à festa, você sentirá paz e tranqüilidade, o que não há preço que pague. Depoimentos de muitas pessoas se resumem a duas palavras: fé e milagre. É um ambiente onde você se sente bem, vendo diversas pessoas estando lá com um só objetivo: pedir sua benção e proteção ao divino e pagar suas promessas dos milagres que já receberam.


Prefeito e Secretária ressaltam importância da Festa do Divino



Por Raphael Gustavo Moreira e Graziele Gonçalves da Silva



O Prefeito de Piracicaba, Barjas Negri e a Secretária Municipal da Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese, ressaltaram a importância da Festa do Divino para a cidade.


“É uma festa religiosa e cultural, tradicional, com quase dois séculos. Isso mantém a tradição de Piracicaba e divulga a cidade. Mais recentemente ela foi registrada como Patrimônio Imaterial, o que faz com que o setor público tenha mais atenção, olhe com mais carinho e dê apoio”, afirma Barjas Negri.


“A cada ano que passa percebemos que tem uma maior participação da população de Piracicaba e da região. Isso também é importante do ponto de vista do turismo”, completa o prefeito.


A Secretária Municipal da Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese, explica que a Congada do Divino também está em análise para se tornar Patrimônio Cultural Imaterial, algo já conquistado pela Festa do Divino.


“São manifestações como essas que nos fazem cada vez mais é uma cidade que se desenvolve ano a ano, mas sem deixar de lado suas características e suas tradições. Estamos aqui como Poder Público para ajudar a fortalecer essa festa que já tem 191 anos”, afirma Rosângela.


 
 
 

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