Festa do Divino de Piracicaba foi proibida pela Igreja Católica em 1966
- educomememoria
- 14 de nov. de 2017
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Foto: Ricardo Miranda
A Festa do Divino Espírito Santo de Piracicaba foi proibida, em 1966, pelo então bispo Dom A níger Maria Melillo. A autoridade católica impediu que as festividades folclóricas fossem unidas à religião. “Naquele momento o evento estava se tornando quase uma festividade pagã. Há uma louvação pagã, que é por conta da época da colheita, em que se louvava o alado. O Divino é uma entidade alada. Além disso, haviam questões relacionadas à ganância”, afirma a folclorista Roberta Lessa.
Porém os participantes continuaram realizando encontros informais à beira do Rio Piracicaba. “O povo era devoto e continuou a louvar o sagrado nas margens do rio. Independente de qualquer coisa, a Festa do Divino existia, porém informalmente e sem a suntuosidade que tinha anteriormente”.
Segundo Roberta, a Festa do Divino, historicamente, está relacionada à solidariedade, pois havia distribuição de comida aos pobres e outras ações. “Os foliões do Divino recebiam marinheiros que traziam provimentos de outras cidades, como medicamentos, roupas e alimentos que não tinham em Piracicaba e eram doados a quem precisava. O encontro das bandeiras é essa louvação aos provimentos que chegavam para o povo”, explicou.
RETOMADA – A Festa foi retomada nos moldes anteriores, em 1971, após atritos com a igreja, por movimentos realizados pelos devotos e festeiros da cidade que criaram a Irmandade do Divino. “A fé ao sagrado é inerente a uma instituição. Não é uma irmandade, uma igreja ou uma prefeitura que vão estabelecer critérios populares de fé. Aí você percebe a força dos seres que louvam o divino e que mantiveram a festa que voltou à ativa em 1971”, afirma.
Em 1971, o padre foi substituído na festa pelo capelão-leigo da Irmandade do Divino de Anhembi, Venâncio Teixeira da Cruz. “Independente do seu credo, o sagrado é uma conexão geral. Na Festa do Divino há a participação de pessoas de diferentes religiões e até ateus. E isso é muito bonito”, completa Roberta.
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